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Ramo Grande é a primeira raça a recorrer à seleção genómica


A raça bovina do Ramo Grande, existente apenas nos Açores, é a primeira em Portugal a recorrer à seleção genómica, o que permite dar maiores garantias de produção, segundo o investigador Luís Telo da Gama.

“Isto dá-nos muito mais garantias sobre o valor real do animal, aquilo que ele possui nos seus genes e que presumivelmente vai transmitir à descendência”, adiantou, em declarações à agência Lusa.

O docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, doutorado em genética animal pela Universidade de Nebraska Lincoln, nos Estados Unidos, coordenou um estudo sobre a avaliação genómica da raça do Ramo Grande, cujos resultados foram divulgados recentemente.

Até aqui, a seleção dos bovinos para reprodução era feita apenas com recurso à informação genealógica e à informação fenotípica, mas agora existem também “painéis de marcadores genéticos, que permitem para um determinado indivíduo varrer praticamente todo o genoma e saber quais são os marcadores que eles têm em determinadas posições”.

“Isso permite-nos, adicionalmente às duas fontes de informação que existiam antes, que era a informação genealógica e produtiva, incorporar agora a informação genética dos animais. Portanto, os touros passam a ser selecionados, não só por aquilo que deveriam ser com base na genealogia, por aquilo que eles parecem ser com base na informação produtiva, mas também por aquilo que eles efetivamente possuem no seu património genético”, avançou o investigador.

Citado numa nota de imprensa, o Diretor Regional da Agricultura dos Açores, José Élio Ventura, considerou que a seleção genómica é um “grande passo” e que permite “ambicionar resultados mais promissores”.

“A experiência dos bovinos leiteiros demonstra que o progresso genético pode ser até 50% superior relativamente à seleção convencional, com uma evolução da consanguinidade mais controlada”, salientou.

Há cerca de 20 anos que Luís Telo da Gama estuda a única raça bovina autóctone da Região Autónoma dos Açores, desenvolvida na zona do Ramo Grande, na ilha Terceira.

“Tem a particularidade de estar muito bem adaptada às condições dos Açores, que têm, quer em termos climáticos, quer em termos de solos e orografia, particularidades que não têm nada a ver com outras regiões do mundo. É uma raça que durante séculos se adaptou as estas condições”, salientou.

Atualmente, existem 1.407 bovinos do Ramo Grande e 261 criadores, distribuídos pelas ilhas Terceira, São Jorge, Faial, Pico, São Miguel e Graciosa, mas a raça já esteve em risco de desaparecer.

Açoriano Oriental (19-09-2019)
LUSA

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